Trem mais rápido que telefone?!
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Trem mais rápido que telefone?!

Sex, 13 de Maio de 2011 00:00 | PostAuthorIcon Autor: José Luiz Capp | PDF Imprimir E-mail
Memórias da Cidade
Sim! Evidentemente não estamos falando do Trem Bala e de nenhum outro meio de transporte moderno, confortável, rápido e seguro tão necessário nos dias de hoje.

Estamos falando dos trens da antiga Estrada de Ferro Sorocabana que ligavam Osasco a São Paulo nas décadas de 40 e 50.

Acreditem, pois nessa época uma viagem de trem de Osasco a São Paulo e vice-versa já levava , como hoje, cerca de 25/30 minutos ao passo que uma ligação telefônica, para a capital, muitas vezes, até 2 horas!

E como eram esses trens? Para a época modernos, correndo em linha eletrificada, em bitola de 1,00m. Eram os chamados trens suburbanos e os de longo percurso.
Os trens suburbanos eram geralmente compostos de 3 carros – 1 de 1ª classe e 2 outros de 2ª classe. Havia diferença de preço a maior para a viagem no carro de primeira classe. Estes eram muito bonitos, com assentos mais macios. Os encostos para cabeça eram recobertos com capa de linho branco com as letras EFS bordadas e entrelaçadas formando o monograma da estrada de ferro.

Quando necessário essas unidades compostas de três carros eram acopladas a outra, de mesma característica, formando um trem de seis carros.

Esses trens-unidade eram de fabricação norte-americana, produzidos pela Budd Car Co., se não me falha a memória. Eram de cor verde. Os passageiros chamavam esses trens de “Carmen Miranda”. Uma forma jocosa de se referir a eles – talvez pelo balanço cadenciado da viagem.

Havia também dois trens de luxo, de longo percurso, chamados de “Ouro Branco e “Ouro Verde”, ambos com destino às cidades da alta sorocabana. Havia um terceiro trem chamado de Trem Militar para transporte exclusivo destes.

Era, sem dúvida, a época do apogeu do transporte ferroviário no país que, aos poucos, foi cedendo espaço ao transporte rodoviário com o advento da implantação da indústria automotiva…

E como era o serviço de telefonia em Osasco na época dos rápidos trens descritos ? Lamentavelmente paupérrimo. Acredito que não passava de 100 telefones instalados: aparelhos sem “dial” para discagem dos números. O contato com o pequeno centro telefônico existente era feito girando-se uma manivela ao lado do aparelho, porém o atendimento pela telefonista não era de imediato…

Em razão disso, as empresas como a Cobrasma mantinham contato com seus escritórios centrais em São Paulo, através de um sistema de correio interno com o transporte de documentos, correspondencia interna, etc., dentro de uma mala de viagem transportada pelos veículos da própria empresa, pois Osasco não contava também com serviços de correio que pudessem suprir as necessidades empresariais. Algumas vezes essa mala era transportada por um “office boy” que seguia de trem para São Paulo.

Hoje, quando contamos isso aos nossos netos eles ficam boquiabertos, imaginando quão longe estávamos da Capital…

E o trabalho nos escritórios das empresas? Nada de microcomputadores sobre as mesas, apenas máquinas de escrever e de calcular manuais, só mais tarde elétricas e a conhecida caixa de entrada e saída física de documentos transportados e distribuidos por uma equipe de rapazes chamados “office boys. Nada de e-mails. Tudo datilografado com cópias em carbono, corrigindo-se os erros por meio de borracha e mais tarde por aplicação dos chamados “branquinhos”. Os datilógrafos daquela época sabem do que estou falando.

As firmas que mantinham correspondência com as suas matrizes ou licenciadoras no exterior faziam-no por meio de correspondência física, por via aérea, podendo levar até um mês para completar um ciclo informativo.

Os casos simples e urgentes eram solucionados por meio de cabograma, mais precisamente através de cabo submarino, chamado “cable”.

Nós, os veteranos que acompanhamos a transição dessa fase para a existente hoje integrada por facilidades proporcionadas pela cibernética, eletrônica, satélites, computadores e periféricos, tivemos que dar um grande salto para podermos nos integrar a onda crescente de progresso para nos mantermos atualizados.

Nessa fase da vida em que nos encontramos podemos nos sentir realizados e orgulhosos pela contribuição oferecida ao progresso da cidade que tanto amamos!

Possam hoje os munícipes natos e os que vieram de outras regiões do estado e do país vir somar conosco na concretização do sonho dos emancipadores do passado e do presente.

Esta cidade sempre soube receber de braços abertos àqueles que aqui vieram em busca de conquistas e realizações pessoais tanto no passado como no presente.

Ao completar 50 anos de autonomia politico-administrativa em 2012, entoemos em coro PARABÉNS OSASCO!

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