Qua, 25 de Maio de 2011 00:00 | PostAuthorIcon Autor: José Luiz Capp | PDF Imprimir E-mail
Memórias da Cidade
Nesta oportunidade vamos relembrar como se deu a fundação da Cooperativa de Crédito Mútuo dos Empregados da Cobrasma.
A fábrica, chamada Usina em seu primórdio, crescendo de um lado e a Associação Atlética Cobrasma de outro.
À semelhança de uma linha de montagem, cada qual agregava continuamente novos componentes às suas estruturas sob a forma de realizações.
A Cobrasma aumentando cada vez mais a sua produção, diversificando a sua linha de produtos, de forma ininterrupta.
Crescimento, lucro e a contrapartida de benefícios para os seus colaboradores.
No inicio das suas operações a Cobrasma fazia o pagamento dos salários dos seus colaboradores em dinheiro vivo. Nada das facilidades de hoje.
E aí entrava em funcionamento um esquema de busca, transporte, contagem de dinheiro e envelopamento individual dos salários com a entrega destes aos funcionários.
A equipe de pagadores era chefiada pelo Edgar Machado César, tendo como auxiliares o José Bertoza e o Benedito Haroldo Bueno. Ocasionalmente, mais um ou dois colegas.
Eles trabalhavam trancados em uma pequena sala que de tesouraria não tinha nada, só o nome.
Na véspera do dia de pagamento esses colegas trancavam a porta, fechavam o pequeno guichê de atendimento com uma cortina preta para esconder os sacos de dinheiro.
Ao vermos este cenário já podíamos começar a gastar – no dia seguinte, com certeza, o dinheiro estaria em nosso bolso.
E com o dinheiro talvez um problema: para alguns o dinheiro fôra mais curto que o mês. Que fazer? Recorrer a um pedido de vale de adiantamento de salário para o mês ainda não trabalhado.
Essa ocorrência foi uma das razões que contribuiram para se pensar na criação de um órgão que pudesse auxiliar o funcionário em tais situações através de um encaminhamento disciplinado sem a intervenção da empresa. A outra foi a necessidade de atendimento de situações prementes ou emergenciais como pagamento de funerais e outros imprevistos.
Esse atendimento começou paulatinamente por meio de um sistema inicialmente chamado “caixinha” controlado pela anteriormente mencionada Ângela Martha Pereira, secretária executiva da diretoria da fábrica na época chamada Usina como já dissemos.
Basicamente a “caixinha” funcionava da seguinte forma: quem tinha capital depositava e recebia juros; quem tomava emprestado pagava juros e as prestações do empréstimo em vales previamente assinados e controlados pela Ângela.
O movimento da “caixinha” foi crescendo possibilitando também a aquisição de bens como móveis, utensílios em geral e até carro, conforme poder aquisitivo do tomador. Esse trabalho começou a absorver muito tempo da Ângela interferindo com as suas atribuições normais que não eram poucas.
E aí entra novamente em ação o triunvirato Ângela, Albertino, Augusto Pinto e outros colegas que não me lembro mais quais foram para desenvolver gestões junto à empresa pedindo apoio. E obtiveram!
Daí foi um passo para transformar a “caixinha” na Cooperativa de Crédito Mútuo dos Empregados da Cobrasma. Apoiada pela empresa seu crescimento foi vertiginoso. A Cobrasma forneceu o local necessário para instalação dessa nova empreitada, equipamentos, móveis, etc., assumindo também o encargo da folha de pagamento dos funcionários e do gerente que conduziria os trabalhos.
O tempo foi passando, a Cooperativa crescendo, a ponto de ter uma filial quando do inicio das operações da Braseixos Rockwell, integrante do já chamado Grupo Cobrasma.
A nossa Cooperativa era um modelo referencial. Recebia muitas visitas, diretores e gerentes de outras cooperativas, principalmente as congêneres de outras empresas nacionais e multinacionais.
Certa vez representando-a como seu presidente, acompanhado dos demais colegas diretores Júlia Suely das Graças Vernalha que me sucedeu como “presidenta”, do gerente Antônio César Jr. e outros colegas, causamos frisson em Congresso realizado em Brasília ao informarmos que fazíamos empréstimos aos associados cobrando juros bem mais baixos que as demais cooperativas presentes.
Tudo ficou esclarecido quando informamos que a maior parte do nosso custo operacional era absorvido pela nossa empresa, a Cobrasma.
Em decorrência disso tivemos que nos acautelar com um fato imprevisível: alguns tomadores de empréstimos estavam contrariando os objetivos da Cooperativa não utilizando o dinheiro para o fim declarado depositando-o em organizações bancárias para receber juros maiores que o pago à Cooperativa. Com uma campanha de esclarecimento o problema foi sanado.
Como fica demonstrado mais uma vez, o amálgama empresa-colaborador traz sempre benefícios para ambas as partes.
É muito gratificante recordar o quanto iniciativas desse porte contribuiram para tornar Osasco a pujante cidade que é hoje!