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“A Viagem”

Acha-se hospedado neste site interessante artigo sob o título “A Viagem” ilustrado por atraente foto de uma “maria-fumaça” do apogeu ferroviário.

A imaginária viagem propiciada pela leitura desse artigo compara, sutilmente, as diferentes fases das nossas vidas aos embarques e desembarques de passageiros em uma viagem de trem.

E quando pensamos em trem vem à mente da maioria de nós a figura saudosa da “maria-fumaça”. Por que será que “ela” de alguma forma presente em nosso passado continua a exercer tanto fascínio sobre nós?

Acredito que seja pelo fato de sua incomparável demonstração de força não demonstrada tão claramente por outros tipos de locomotivas mais modernas.
Ao observarmos de perto a silhueta dessas “damas” em preparo para uma viagem turística, das poucos ainda existentes, não conseguimos nos “descolar” desse “monstro sagrado” que persiste em não desaparecer da nossa memória do passado.

O característico ruido resultante da geração de vapor nos atrai, convidando-nos a admirar seu movimento de tração de concepção simples de entender, porém engenhoso: a utilização da força do vapor para movimentar êmbolos, braçagens, puxavantes sobre rodas com contrapesos de diferentes diâmetros tão bem orquestrados no deslocamento da composição a ela acoplada.

Outros tipos de locomotivas, embora mais modernos e potentes, não desenvolvem um rítmo de movimentação tão gracioso só conseguido pelas “marias”.

E quando apitam nos envolvem de uma doçura mágica e suave trazendo-nos recordações que guardamos com tanto carinho…

Nesta crônica dedicada às “marias-fumaça”, “velhas damas”, “velhas senhoras” ou “monstros sagrados” como são chamadas pelos ferroviá rios da “velha guarda”, cumpre homenagear a de nº 502 da antiga Estrada de Ferro Sorocabana que em solo osasquense sob comando do saudoso chefe de estação Moura Leite orquestrava seu vaivém nos desvios ferroviários da cidade nos transportes de grandes toras de madeira para a Fábrica de Fósforos Granada para desdobramento em caixas de fósforos e palitos, de porcos para o mangueirão dos Srs. Menk&Barros, de vagões obsoletos para serem modernizados ou reparados nas oficinas da Cobrasma e Soma, carga perecível do Frigorífico Wilson e outros materiais destinados à Cimaf e Cerâmica Industrial de Osasco para citar apenas algumas as grandes empresas do passado.

Onde estaria hoje a 502? Aposentada e esquecida em algum pátio ferroviário? Em algum museu? Ou ainda prestando serviços em trens turísticos?

Oxalá tenhamos de volta o transporte ferroviário com novos trens rápidos e seguros tão cedo quanto possível. Só ass im poderemos restabelecer de modo eficiente a nossa combalida infraestrutura de transportes tão dependente da malha rodoviária hoje tão saturada, morosa e onerosa…

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