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55º Aniversário da Emancipação de Osasco. Osasco, 19/02/2017.
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55º Aniversário da Emancipação de Osasco. Osasco, 19/02/2017.

55º Aniversário da Emancipação de Osasco. Osasco, 19/02/2017.

É com alegria que comemoramos nesta data o 55º Aniversário da Emancipação Político-Administrativa da Cidade de Osasco.
Por que com alegria? Por constatarmos que a nossa luta não foi em vão! Vemos aqui reunidas as principais autoridades políticas da nossa Cidade, Civis, Militares e esse público entusiasta que nos ouve.
O Senhor Prefeito Rogério Lins e a Exma. Senhora a 1ª Dama e o seu secretariado. Demais autoridades, representantes da Sociedade Civil, Emancipadores, convidados. Cerimonial. Senhoras, Senhores.
A maioria dos presentes desconhece a luta arrojada para chegar à conquista da Emancipação. As autoridades de São Paulo em nada contribuíram. Pelo contrário, complicaram e muito. É a oportunidade de falar sobre a verdadeira união da população osasquense da época.
Do compromisso e determinação, como assumiram o desafio para Emancipar a Osasco esquecida. O Movimento Emancipacionista nasceu do inconformismo da população local ao sentir o crescimento vertiginoso da região dado a instalação das grandes indústrias que aqui aportavam e o consequente aumento populacional que já exigia melhorias substanciais de infraestrutura e outras necessidades primárias, saneamento, saúde, educação, transporte, locomoção, etc. A comunicação com São Paulo era precária. Com isso o povo limitado nas suas opções, subjugados pelo descaso, decidiu pensar e se comunicar, reunir a sociedade. Chega do abandono pelas autoridades de São Paulo que só apareciam em Osasco nas horas de eleição.
Estávamos em meados da década dos anos 40. Precisamente 20 de Março de 1947. Surge a criação da SADO – Sociedade Amigos de Osasco. Unidos, cujo objetivo único era a Emancipação. A união era compacta, juntavam-se os propósitos, membros da Sociedade Civil independente, médicos, dentistas, profissionais liberais, funcionários das indústrias já instaladas, se movimentaram. Participavam também as senhoras, donas de casa e filhos. Do outro lado, os adeptos do NÃO, apaniguados dos políticos do governo municipal de SP por interesses pessoais, tentavam enganar os incautos com falsas alegações. Osasco seria interior… e outros, alta do IPTU, etc.
Dada à partida. A primeira providencia seria elevar o local ao nível de Distrito, pois, sendo subdistrito não tinha condições segundo a Lei Orgânica dos Municípios. Na Assembleia Legislativa de São Paulo foi procurado pelo Deputado Gilberto Chaves que tinha laços de fraternidade por Osasco, uma vez que aqui passava férias na infância em casa de amigos. De inicio o
deputado se prontificou, conseguindo a elevação a Distrito. Em agosto de 1952 começa a Campanha para coletar os documentos exigidos pela Lei Orgânica. Novos obstáculos surgiam, pois, as repartições procuradas em SP, nos sonegavam documentos, exigindo providencias e ou alternativas, cada uma mais absurda. Em cada repartição contatada em SP, tudo era dificultado e sonegado sempre que se recorria ao serviço público da Capital.
Em 13/08/1953, uma crônica foi inserida no Jornal “O Emancipador”, sob o título: “A necessidade de união”. Em 13/11/1953 em reunião dos Autonomistas realizada no Cine Osasco, Rua da Estação nº 6, foi lida a crônica:
No ardor da demanda pela Emancipação.
“… Agora estamos de braços com o maior empreendimento que um povo pode desejar: a sua independência, a sua auto-direção, isto é, poder empregar o seu dinheiro proveniente de suas contribuições em impostos aqui em sua fonte de origem, em seu benefício, em benefício de seus habitantes, na melhoria do lugar. Ai esta a campanha autonomista de Osasco, que esta a espera de teu prestigio, à espera de teu esforço. Una-te à Sociedade Amigos de Osasco que precisa dos homens, dos grupos, do povo, todos enfim. A Sociedade Amigos de Osasco, não sou eu, nem só tu, mas somos-NOS, nos todos, homens de boa vontade. Não existem líderes nesta campanha, todos nós devemos ser um amigo de Osasco, acima de tudo, um soldado da autonomia, um trabalhador da liberdade. Homens e mulheres de Osasco unamo-nos. Reynaldo de Oliveira.”
Em 13 de Dezembro de 1953 foi realizado o 1º Plebiscito. Perdemos, face a falcatruas na apuração pelo grupo contrario com a conivência da municipalidade de São Paulo. A Lei Orgânica dos Municípios determinava; que novas eleições só poderiam ser marcadas em anos terminados em 3 ou 8. 1953, devíamos esperar por 1958.
Em 13/12/1957 começa nova luta para a realização do 2º Plebiscito. Agora, preparados, melhores estratégias foram previstas, atuações nas fábricas, nas escolas, na rua, nos bairros, entre vizinhos; todos unidos pelo propósito único Osasco Cidade.
A eleição foi marcada para 21/12/1958. Ganhamos por cerca de 1500 votos.
A Prefeitura de São Paulo não se conformou, recorreu ao TRE pedindo abertura de inquérito pelo DOPS alegando fraude. Fizeram intimações diversas, a mesários, eleitores, testemunhas, etc. Só eu (diz o manuscrito de onde extrai este relato. Diário escrito manualmente pelo Dr. Reynaldo de Oliveira). O Patriarca da Emancipação. Só eu fui seis vezes intimado para acareação com eleitores do NÃO que acusavam ter havido fraude. No final. Desfecho favorável para o SIM, pois, nada apuraram.
Inconformado o Prefeito da Capital recorreu ao Tribunal de Justiça do Estado, cujo processo rolou por mais de um ano. Tivemos novamente ganho de causa. Em última instancia, recorreram ao Supremo Tribunal de Justiça, em Brasília, onde em memorável julgamento final tivemos nossa causa consolidada definitivamente. MAS NÃO ACABOU AQUI NOSSA LUTA. Teve mais. Essa briga jurídica demorou três anos, de 1958 a 1962. Pois, o TRE era impedido de marcar a eleição para eleger o Prefeito e Vereadores de Osasco.
Terminados todos os processos foi marcada para 7 de janeiro de 1962 as eleições para Prefeito e Vereadores. Tudo preparado, urnas, mesários, etc. Todos confiantes na eleição do amanhã. Na tarde noite do dia 6 de janeiro de 1962, véspera. O Jornal Radiofônico Repórter Esso, surpreende: Conforme seu prefixo: O Repórter Esso. Porta voz radiofônico dos Postos e Revendedores Esso, lhes deseja boa noite. CANCELADA NOVAMENTE AS ELEIÇÕES DE OSASCO para o dia de amanhã. O Prefeito de São Paulo através liminar acatada pelo TRE suspendeu as eleições.
OSASCO RECEBEU A NOTÍCIA COMO UMA BOMBA.
HOUVE ENTÃO A MAIOR DEMONSTRAÇÃO DE REPUDIO POR PARTE DA POPULAÇÃO QUE REAGIU DE FORMA VIOLENTA. O comercio cerrou as portas em sinal de repúdio, colocando luto nas vitrines. O povo colocou tarja de luto nas lapelas, foi hasteada junto à bandeira da SADO uma outra bandeira preta de luto. Caravana foi organizada à noite para ir até a TV Canal Tupy em São Paulo levando um caixão de defunto pintado de preto fazendo o enterro do TRE. Na Praça de Osasco organizou-se recolhimento dos títulos de eleitores para devolver ao TRE, em protesto. Formação de uma carreata dirigida à Assembleia Legislativa tumultuou o transito no centro de São Paulo, no Anhangabaú. Visitas à Assembleia Legislativa. Protesto defronte a casa do Prefeito na Avenida Angélica. Visita ao Governador no Palácio Campos Elíseos, onde os Autonomistas foram barrados pelos soldados. Foram recebidos só dois membros pelo Governador Carvalho Pinto. O Dr. Reynaldo de Oliveira e o outro baluarte da nossa conquista, o Capitão Rodolpho dos Santos Ferreira que apresentaram o protesto do povo de Osasco.
Diariamente havia comício no Largo de Osasco.
No dia 11/01/1962, os Emancipadores decidiram acender uma Pira Simbólica da campanha, com fogo do ALTAR DA PÁTRIA, a ser trazido do Museu do Ypiranga. Um grupo de Emancipadores resolveu ir a São Paulo levando uma bola de estopa embebida em gasolina, buscar o fogo para acender a pira. Encontraram resistência, o inimigo daqui avisou o pessoal de lá. Houve resistência que os impede acender a tocha. Policiais guardavam o Altar da Tocha. Astutos, Emancipadores resolvem entoar o Hino Nacional. Os policiais se perfilam em posição de sentido. Três osasquenses; Nelson Soares de
Freitas, Arthur Bogasiam e José Marques de Rezende, acendem a pira e saem em desabalada corrida para o caminhão que os conduziria até Osasco, onde entregam a tocha ao Dr. Reynaldo que acende a pira, a qual permaneceu acesa até o dia da posse do Prefeito e dos vereadores eleitos.
Diante da conduta persistente e acirrada da população Osasquense, e o noticiário que se expandiu na imprensa, foi obtida a nossa vitoria com a anulação da liminar que proibiu a eleição do dia 7/01/1962.
Finalmente foi marcada a primeira eleição para Prefeito e Vereadores de Osasco, para o dia 04/02/1962. No dia 07/02/1962 houve a diplomação dos eleitos e em 19 DE FEVEREIRO DE 1962. Tomam posse os primeiros Gestores para iniciar os destinos da nossa cidade independente. Em seguida foi apagada a PIRA COM O FOGO DA PÁTRIA, até então acesa no Largo de Osasco.
Tem mais, agora traição, houve o primeiro desencanto para os osasquenses, praticado pelos vereadores eleitos. Em 22 de Março de 1962 votaram uma lei em causa própria. Elevaram seus subsídios de 30 para 140 mil cruzeiros.
Houve protesto da SADO com comício no Largo de Osasco, que culminou com forte movimento cívico na Câmara. Novamente, o Dr. Reynaldo de Oliveira foi processado como autor e a Câmara como vítima. Mas, os vereadores anularam a Lei em seguida, três dias após.
Termina assim o manuscrito do Dr. Reynaldo:-
Afinal conseguimos uma Cidade em que a vida pode ser vivida em melhores condições. Osasco tornou-se uma grande Cidade. Uma das maiores do Estado e até do País. Antes, os osasquenses tinham certo constrangimento de dizer onde morava. Agora sabemos que falam até com orgulho. Eu moro em OSASCO.
Anos depois, a Câmara Municipal concedeu ao Dr. Reynaldo o Título de “O PATRIARCA DA EMANCIPAÇÃO.”
Os autonomistas não manifestavam interesse em candidatar-se a cargos públicos. O anseio visava eleger dirigentes pessoas com compromisso para com a Cidade. Afinidade com nossas causas e valores. Entendemos que o BEM COMUM E O INTERESSE COLETIVO ESTÃO ACIMA DOS PARTIDÁRIOS, porque estes sempre representam apenas um lado. Esperamos ver uma Cidade governada com base no BEM COMUM para que possamos Viver com Qualidade de Vida plena. A População e a Cidade sempre em primeiro lugar, acima de qualquer interesse.
Sabíamos que perseguíamos um sonho, mas foi por isso que lutamos. E ainda continuamos atentos, não mais sonhando. Reivindicando.
Hoje estamos aqui comemorando 55 anos de toda aquela façanha. Valeu a pena a determinação. Foi uma Epopeia.
Consideramos que o Município deve homenagem ainda a alguns daqueles bravos Emancipadores. Não seria justo terminar sem citar alguns nomes que ao lado do Dr. Reynaldo sustentavam esta luta, como o Dr. Walter Negrelli, cuja residência era também sede para discussão dos movimentos a serem organizados. E também ao nome do Sr. Dimas Tavares, cujas atas que hoje temos registradas, documentadas em nossa Biblioteca foram escritas por ele. Temos outros que poderiam ser citados, mas chegaríamos por volta dos milhares. A eles todos os nossos tributos de orgulho e saudosa memória. Conclamamos seus sucessores para dar continuidade à nossa luta.
Ordem dos Emancipadores de Osasco.
José Geraldo Setter
Presidente
Osasco,15/02/2015. Atualizado, 13/02/2017.

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